O suspeito dedesviar dinheiro e deenvenenarum médico de 90 anos da Praia do Canto, com arsênioentre 2023 e 2025,foi liberado do sistema prisionaldo Espírito Santo.Alysson Oliveira Marinhoestava preso desde setembro deste ano.
O homem teria coparticipação natentativa de homicídiodo médico, agindo juntamente com a esposaBruna Garcia Barbosa Marinho, funcionária da vítima. Alysson estava em prisão temporária no Centro de Detenção Provisória de Viana II e foi solto após a expedição do prazo.
A Secretaria de Justiça do Espírito Santo (Sejus) confirmou a soltura do suspeito, que foi liberado no último dia 22 de outubro.
Segundo o advogado do casal,James Gouveia Freias, Alysson não foi indiciado pelo crime e o processo contra ele foi encerrado.Bruna segue detida no Presídio Feminino de Bubu, em Cariacica.
O médico que atuava naPraia do Canto, emVitória, foi vítima de envenenamento com arsênio.O casal foi preso no dia 2 de setembro deste ano, apontados pela investigação como os principais suspeitos do crime.
Bruna Marinho era funcionária da clínica da vítima havia 12 anos e exercia funções de confiança, incluindo agestão financeira e o controle da alimentação do médico. Além do envenenamento, o casal é investigado por desviar dinheiro da clínica.
Entre 2023 e 2025, a vítima apresentou sintomas semelhantes com intoxicação crônica por arsênio —diarreia, vômitos, anemia, inchaço nos membros e perda de peso—, mas sem associar os sinais a um possível envenenamento.
Em março deste ano, a esposa do médico descobriu que a então secretária haviadesviado aproximadamente R$ 600 milda conta dele. Parte do valor teria sido direcionado para a suspeita, o marido e a mãe dela. Após as acusações, a secretária pediu demissão do emprego.
Meses depois, a esposa do médico encontrou frascos de arsênio no local onde a ex-secretária trabalhava. A polícia acredita que o produto era usado para envenenar a vítima.
Exames periciais realizados no Instituto Médico Legal (IML) de Vitória confirmaram a presença de óxido de arsênio, sendo detectada maior concentração de intoxicação no período em que ela trabalhava na clínica.
Em entrevista àTV Vitória, o advogado da vítima,Waldyr Loureiro, informou que o envenenamento durou cerca de um ano e dois meses. Segundo ele, a tentativa de homicídio agravou o quadro de saúde do idoso, que já apresentava Parkinson.“Causou diversas sequelas, inclusive o avanço do Parkinson”.
Bruna e Alysson Marinho tiveram a prisão temporária decretada pelo juiz Carlos Henrique Rios do Amaral Filho, titular da 1ª Vara Criminal de Vitória, responsável pelo Tribunal do Júri, no começo de setembro deste ano.
Na decisão à época, o magistrado destacou que havia indícios suficientes de autoria e que a prisão era imprescindível para a conclusão das investigações e preservação de provas futuras, incluindo exames em aparelhos eletrônicos apreendidos.
Da análise dos autos, verifico que estão presentes os pressupostos indispensáveis à decretação da prisão temporária, na medida em que o relatório de investigação indica que os representados são os principais suspeitos de terem praticado o crime de homicídio apurado neste inquérito policial.”
Alysson foi solto após vencer o prazo da prisão temporária, mas Bruna segue sob custódia e ainda responde pelo processo.
Em entrevista aTV Vitória,a professora em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Karla Nívea Sampaio, explica que o trióxido de arsênio é uma substância utilizada para fins industriais e medicinais. Ele é um pó branco, que não é vendido livremente.
Existem algumas aplicações industriais do arsênio, por exemplo, impermeabilização de madeira, produção de vidros, mas isso não é de consumo humano
AOrganização Mundial de Saúde(OMS) considera o arsênio um dos 10 químicos de grande preocupação para a saúde pública e recomenda que a exposição ao metal seja prevenida.
Os sintomas da contaminação por arsênio incluem vômito, dores abdominais e diarreia. A exposição a longo prazo causa mudanças na pigmentação da pele, lesões e pode levar ao câncer de pele.
O arsênio vai inibir a produção de energia no corpo e em pequenas doses pode afetar o nervo sensitivo, áreas do cérebro que estão relacionados a memória.
Após a liberação de Alysson, o advogado James Gouveia Freias segue tentando a soltura de Bruna.
“A gente continua insatisfeito porque a Bruna continua no processo. Vamos buscar a soltura, a liberdade e o fim do processo contra ela. E que o verdadeiro culpado ou culpada apareça”, afirmou o advogado.